Metrosideros excelsa- Av. Montevideu (Classificados de Interesse Público em Janeiro de 2005)
À semelhança das araucárias, das camélias e dos liquidâmbares, por exemplo, os metrosíderos são árvores cujo nome vulgar deriva directamente da designação científica do género, Metrosideros.
Este foi estabelecido por Joseph Banks (1743-1820) naturalista inglês e grande mecenas da ciência que participou na primeira viagem de James Cook ao Sul do Pacífico a bordo do Endeavour, considerada a primeira expedição dedicada a fins exclusivamente científicos. Organizada em 1768 sob os auspícios da Royal Society, passou primeiro pela América do Sul e seguiu depois para a Nova Zelândia e Austrália.
A equipa científica que J. Banks reuniu era constituída por voluntários possuidores de conhecimentos de botânica e zoologia e incluía dois pintores ilustradores que, segundo os relatos, não tinham mãos a medir, sem tempo sequer para colorir as ilustrações do material recolhido, deixando por vezes apenas as indicações das cores. (ver
Ilustrações Botânicas da Expedição)
O herbário, constituído ao longo dos quase quatro anos que durou a viagem, constava de nada menos do que 1300 novas espécies e 110 novos géneros, número em que incluía o género
Metrosideros.
A designação alude a uma das principais características destas árvores (e arbustos): a dureza da sua madeira, semelhante ao ferro -
sideros, em grego; com o primeiro elemento do nome-
metro, do grego
metra, útero- a transmitir a ideia de meio, interior.
Os metrosíderos pertencem à extensa família das
Mirtáceas*, onde igualmente se incluem os
eucaliptos, as melaleucas, os calistemon, as murtas, etc.. Há cerca de 20 espécies de metrosíderos, onze das quais são originárias da Nova Zelândia. Em Portugal os mais comuns são os
Metrosideros excelsa, sendo este último termo, referente à espécie, indicativo do porte que a árvore pode atingir em plena maturidade: acima dos 20 metros de altura, com copas de mais de 30 metros de diâmetro. A designação sinónima de
Metrosideros tomentosa que esta espécie ainda assume em alguma literatura, alude à característica lanugem branca que recobre a página inferior das folhas.
Na Nova Zelândia mantem-se o costume de também se chamarem as árvores pelo seu nome indígena,
neste caso "pohutukawa", o que significa em linguagen maori, "salpicada pelo mar". Com efeito estes metrosíderos adaptam-se aos solos mais inóspitos e resistem ao sal dos ventos marítimos e da água do oceano, conseguindo crescer nas falésias rochosas, deixando então pender as suas características raizes aéreas sobre o mar. Em condições extremas não ultrapassam o estado arbustivo, com pouco mais de um metro de altura, não deixando no entanto de florir abundantemente.
Esta espectacular floração dá-se, no Sul do Pacífico, entre Novembro e Janeiro, o que levou os primeiros colonos ocidentais, nostálgicos das cores tradicionais do azevinho na época natalícia, a usarem os ramos floridos de vermelho destas árvores para enfeitarem as suas casas. Desde então, esta espécie, juntamente com mais três outras espécies de metrosíderos (M. robusta, M. umbellata e M. bartlettii), são, no seu país de origem, também chamadas simplesmente "árvore de Natal", sendo conhecidas nos outros países por "árvore de Natal da Nova Zelândia".
Estas árvores são actualmente consideradas invasoras, por exemplo na África do Sul, enquanto que, por ironia do destino, no seu país de origem estão ameaçadas em certas zonas por uns pequenos mamíferos marsupiais (
Trichosurus vulpecula). (Ver a propósito o Project Crimson- "a charitable conservation Trust that aims to protect New Zealand's native Christmas trees - pohutukawa and rata"). .